Forças Guerrilheiras do Araguaia: Manifesto sobre o 1º aniversário de nossa resistência armada

MANIFESTO SOBRE O 1º ANIVERSÁRIO DE NOSSA RESISTÊNCIA ARMADA

Viva as Forças Guerrilheiras do Araguaia

Lavradores, Peões e Castanheiros da Região do Araguaia!
Moradores de São Domingos, Brejo Grande, Itamerim, Palestina, Santa Cruz, Santa Isabel, São Geraldo, Araguanã e Itaipavas!
Povo de Marabá, São João do Araguaia, Araguatins e Xambioá!

Há precisamente um ano os guerrilheiros do Araguaia combatem com firmeza os soldados do governo e toda corja de bate-paus da ditadura. Não temendo a vida difícil na mata e a falta de alimentos, nem as doenças e a morte, resistem, dando provas de valentia, a um inimigo cruel e armado até os dentes. Nestes 12 meses, enfrentaram duas grandes campanhas militares, quando foram utilizados aviões, helicópteros e muitos milhares de homens do Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícias Militares do Pará e Goiás. Mas não se deixaram derrotar. Não correu em vão o sangue generoso dos destemidos guerrilheiros que, empunhando armas, morreram em prol da emancipação da Pátria.

Hoje, as Forças Guerrilheiras do Araguaia – formadas logo depois do traiçoeiro ataque de 12 de abril do ano passado contra os moradores desta região – são muito mais fortes e sua influência entre o povo é cada vez maior. Operários, estudantes, democratas e patriotas prestaram-lhes solidariedade. No interior, camponeses dão-lhes apoio e se lançam também à luta. Lavradores e habitantes do Sul do Pará com elas simpatizam e as ajudam. Para mobilizar as massas populares e espalhar a chama da rebelião acesa no Araguaia foi organizada a União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo (ULDP), já em atividade no Pará, Maranhão, Goiás e Mato Grosso. Assim, o movimento armado que se iniciou na selva amazônica transforma-se em poderosa torrente cujo avanço ninguém poderá deter.

Por que, apesar do enorme aparato empregado pelos generais, as forças guerrilheiras sobrevivem e se desenvolvem tão rapidamente? Os guerrilheiros não foram vencidos porque se batem por uma causa justa. Lutam contra a feroz ditadura, defendem os interesses nacionais contra a espoliação das grandes empresas estrangeiras, representam as verdadeiras aspirações das massas de milhões de pobres e oprimidos.

O povo está cansado de sofrer, não mais tolera o cativeiro, almeja uma vida feliz, quer acabar com o atraso, a fome a miséria. Justamente, o movimento guerrilheiro surgiu para acabar com a pobreza, impulsionar o progresso do interior, pôr fim ao criminoso poder dos militares, acabar com as arbitrariedades da polícia e com a exploração dos poderosos.

Os guerrilheiros do Araguaia pugnam para que o lavrador seja dono de sua posse e tenha título de propriedade; lutam contra a grilagem; exigem preços mínimos compensadores para os produtos da região; reivindicam proteção aos que labutam nos castanhais, na extração de madeira e nas grandes fazendas; querem reduzir os impostos para a lavoura e para o pequeno comércio; são a favor da efetiva assistência médica à população local e da instrução para todas as crianças. Tudo farão para derrubar, junto com a maioria dos brasileiros, o governo sanguinário de Médici e para instaurar um governo popular que assegure a democracia, acabe para sempre no país com o domínio dos gringos norteamericanos e garanta o bem-estar dos trabalhadores.

Está é a razão porque lavradores, peões, posseiros, castanheiros, garimpeiros, tropeiros, barqueiros, pequenos comerciantes e todos os que amam a sua terra têm que estar ao lado da guerrilha. Se os revolucionários do Araguaia resistiram com bravura, durante um ano, aos violentos ataques de um governo de, tem, também, condições de ganhar novos aderentes bandidos e obter, no correr do tampo, a vitória.

No primeiro aniversário da resistência armada dos moradores do Sul do Pará, as Forças Guerrilheiras chamam os oprimidos e injustiçados, os que passam necessidades e os que almejam um país livre e independente, a intensificar a ajuda a seus heróicos combatentes. A juventude pode ingressar nas fileiras da guerrilha para, de armas nas mãos, acabar com os carrascos e redimir a Pátria. Os mais velhos, homens e mulheres, podem lutar de outras formas. Informar e alimentar os guerrilheiros, filiar-se à União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo, fazer propaganda da revolução.

Brasileiro!

A hora é de decisão. Ou se combate corajosamente pela liberdade ou se permanece sob a mais negra tirania. Escolha o caminho da luta. Entre para as Forças Guerrilheiras do Araguaia, empunhe o fuzil, seja um combatente do povo. Organize-se na União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo para conquistar uma vida melhor, sem ditadura, sem exploração e sem humilhação.

Abaixo a ditadura!
Unido e armado o povo vencerá!
Glória aos valentes guerrilheiros tombados na selva!

Em algum lugar das matas da Amazônia, 12 de abril de 1973

O Comando das Forças Guerrilheiras do Araguaia.