FOGUERA: Balanço da situação após um mês e meio de resistência armada

BALANÇO DA SITUAÇÃO APÓS UM MÊS E MEIO DE RESISTÊNCIA ARMADA.

Sobre a Tática do I

O inimigo nos atacou de corpo aberto, sem nenhuma precaução, tornando-se um alvo fácil para os nossos ataques (só não o atacamos porque estávamos desprevenidos);

O inimigo subestimou nossas forças, nos atacando com pequenos efetivos. Só depois, ao tomar conhecimento da extensão da guerrilha, mobilizou numerosas tropas;

O inimigo cometeu o erro de queimar nossas casas e cometeu amplas violências, aparecendo como agressor e provocando simpatia da massa para o nosso lado;

Depois de realizar aparatosas operações, o inimigo foi forçado a se retirar da região e a se situar em sua periferia (nas cidades, corrutelas e fazendas). Por que se retirou? O inimigo não tinha organizado sua logística e não podia abastecer seus soldados na mata; a ditadura não quer dar repercussão à lua de guerrilhas. A mobilização de grandes efetivos provocaria intensa repercussão em todo o país, principalmente no Pará, Maranhão e Goiás; No momento parece que o inimigo dedica grande atenção ao levantamento topográfico da região. Isso explica a intensa atividade aérea; com o correr do tempo, o inimigo será obrigado a empregar numerosas tropas, visando aniquilar o mais rápido possível o movimento guerrilheiro; o inimigo, embora não tenha, até agora, agido na selva, acabará penetrando na mata. Mas se atuarmos de acordo com as normas da guerrilha. O inimigo não alcançará seus objetivos.

Sobre a posição das massas segundo as primeiras informações (do DA e do DB), a massa manifesta simpatia pela nossa luta ou pelos nossos combatentes; a tendência da massa é a de nos ajudar (prestar informações, fornecer alimentos e até ingressar nas FF GG); a massa manifesta-se contra o governo e os poderosos, embora ainda mantenha respeito, ou temor, ao Exército. De um modo geral, ela não informa o inimigo. É claro que existem exceções; nossa perspectiva é ampliar em grande escala nossa influência entre os camponeses e moradores das corrutelas e cidades.

3) Sobre nossa Tática

a) os acontecimentos ocorridos na região confirmam a justeza de nossa concepção de guerra popular;

b) os fatos comprovam ser correta a relação que estabelecemos entre a topografia (a mata) e as massas. Destacou-se a importância da selva na preservação do movimento guerrilheiro;

c) a luta armada iniciou-se quando não tínhamos terminado ainda a nossa preparação. Por isso, no início sofremos alguns golpes (prisão do Geraldo e de elementos do DC, rompimento de contato com o DC, perda de matérias úteis no DA, inclusive oficina, etc). O fato de não termos completado nossa rede de depósitos e terminado as linhas de ligação interiores (através da mata) nos cria agora dificuldades;

d) se estivéssemos mais preparados, poderíamos ter assestado alguns golpes no inimigo. Mas, tudo indica, que o desenvolvimento da luta nos será favorável;

e) a pouca propaganda da nossa resistência armada (não se fala nela nos órgãos de publicidade) é, para nós, fator desfavorável. É preciso romper a censura do governo;

f) a retirada do inimigo deve ser por nós aproveitada para: consolidar nosso abastecimento (ampliar os depósitos e criar redes de fornecedores clandestinos); organizar um serviço de informações, apoiado nas massas; fazer propaganda revolucionária para conquistar amigos firmes, simpatizantes de nossa luta e recrutar novos combatentes. Neste sentido, dispersar os guerrilheiros, mantendo-se sobre eles rigoroso controle, a fim de evitar a desorganização; assestar golpes no inimigo, sem cair em aventuras. Só golpeando os soldados da ditadura poderemos dar repercussão à nossa luta. Realizar ações militares de G, de D e de DD. Ter a tropa na mão, para concentrá-la rapidamente e dispersa-la quando necessário.

Tomar outras providências

- estabelecer ligação com o P para informar a situação, desenvolver o apoio político à guerrilha, intensificar a propaganda da nossa resistência armada, conseguir ajuda material e assegurar a vinda de novos combatentes;

- organizar a infra-estrutura da guerrilha: serviço de ligação inter-DD e inter-GG, serviço de informações, aquisição e conserto de armamento, aparelho de impressão (começar com cópias do Manifesto do MLP), depósitos, etc;

- organizar o DG da CM. Atribuir responsabilidades definidas aos membros da CM. Cooptar o Ju para a CM;

- emitir um comunicado das FF GG.

Em conseqüência da discussão, à base deste esquema, a CM tomou as seguintes resoluções:

1. desenvolver o sistema de depósitos e criar uma rede de fornecedores: planos concretos para o DA, DB e DC;

2. organizar o serviço de informações apoiado nas massas no DA, DB e CM;

3. organizar a propaganda revolucionária armada à base do programa do MLP. Fazer planos concretos: constituir equipe (ou utilizar os GG), determinar as áreas e os nomes dos moradores a serem visitados. Prever o transporte de alimentos que de pode obter no contato com os camponeses e amigos. Cuidar da defesa contra um possível ataque dos solados.

4. Sempre que possível, realizar recrutamento de novos combatentes entre a massa e procurar organizar os camponeses.

5. Preparar, à base de informações, ações contra o inimigo: emboscadas, ocupação de corrutelas, fustigamento, etc. A: Brejo Grande; B: Palestina, Santa Cruz ou Santa Isabel; C: Itaipava; A e B: São Domingos; A, B e C: São Geraldo.

6. Restabelecer contato com o DC. Responsável: Ju, à frente de um G do DB.

7. Estabelecer ligação com o P.

8 . Imprimir o Manifesto do MLP.

9. Redigir as normas de acampamento da CM.

10. Emitir um Comunicado das FF GG.

11. Continuar na pesquisa do terreno e prosseguir na elaboração dos croquis. Fazer planos concretos para os DD.