Retrato de Camilo Torres

Biblioteca
Fondos bibliográficos
Autor
Bojorge, Horacio [et al.]
ISBN
--
Localizador
Bib-01/2
Núm. Páginas
186 pp.
Datos de Edición
Porto: Paisagem, 1970.
Contenido
Não se trata de um acaso ou de urna questão de moda o facto de Camilo Torres, padre colombiano morro na guerrilha em 1966, se ter convertido numa das figuras que mais atencão despertara em varios sectores. Pôs problemas que resultam urgentes e cruciais, não so para o catolicismo latinoamericano, como também para toda a Igreja.

Neste livro, quisemos contribuir para o estudo de urna figura aínda pouco conhecida, dos feitos e de urna vida, com frequência vítimas de informações deturpadas.

Para tal, em primeiro lugar, temos de citar as circunstâncias. Na parte inicial —A circunstância latino-americana— um uruguaio, Horácio Bojorge, expõe a situacão e o possível futuro do cristianismo na América Latina: dentro de poucos anos, mais de metade da Igreja católica será formada por latinoamericanos. O artigo de H. Bojorge, foi galardoado com urna das mencões especiais no Prémio El Ciervo, 1968.

Depois, dois europeus, uma austríaca e um espanhol, que trabalharam largo tempo na América Latina, expõem as suas impressões sobre os problemas mais importantes que encontraram. Hildegard Goss-Mayr, do Movimento de Reconciliação, expõe as exigências evangélicas no mundo latino-americano. (O seu trabalho, que nos reproduzimos com a devida autorizacão, foi publicado nos «Cahiers de la Réconciliation»). Em seguida, Pedro Pérez-Medrano constata também a necessidade de urna revolucão e a alternativa: revolucão ou violência?

Nestes tres trabalhos, está presente, como uma constante significativa, a figura do sacerdote colombiano. Um compatriota de Camilo Torres, Gonzalo Alfonso Pineda G. encerra esta parte com um artigo em que descreve o significado principal de Camilo Torres e as perspectivas de futuro abertas por ele.

Na segunda parte, mais extensa, — Perfil de Camilo Torres—, Juan Gomis estuda, amplamente, as razões que levaram Torres às suas opcões, através da imagem dada pelos seus escritos e declaracões.

Na terceira parte, reproduzimos alguns dos escritos de Camilo Torres. No primeiro, de 1962, expõe a sua concepcão do sacerdócio na altura de um conflito universitário. O segundo texto, como os três seguintes do ano de 1966, é o programa político, a Plataforma, que Camilo Torres redigiu e à volta do qual quis unir o povo colombiano. Em seguida, a carta dirigida ao cardeal Concha pedindo a passagem ao estado laico, e a declaração feita à imprensa. O escrito seguinte é a mensagem aos cristãos, incitando-os a incorporarem-se no seu movimento revolucionario. Depois vem um editorial de Camilo Torres em «Frente Unido», texto menos pragmático e combativo que os outros da mesma época, mas que esclarece os problemas que encontrou ao tentar constituir a Frente Unida do Povo Colombiano. Por último, reproduz-se a «Proclamação» em que comunicava, em Janeiro de 1966, a sua decisão de incorporar-se na guerrilha.

Nenhuma destas três partes pretende, como é óbvio, ser exaustiva. Mas, cremos que o conjunto poderá ajudar a situar e compreender melhor Camilo Torres e a sua história trágica. A importância do sacerdote colombiano, e as lições que se tiram da sua vida, levaram-nos a preparar este livro que é, se não nos enganamos, o primeiro trabalho monográfico desta extensão que se publica na Europa sobre Camilo Torres.